O Profeta

Monday, October 23, 2006

O Futuro Musical

Dessa vez a minha musa inspiradora (lá ele) foi meu mano Marcelo. Estavamos falando sobre música e comecei a tentar criar uma figura do cenário atual.

Marcelo tem uma opinião sobre a indústria musical atual que eu respeito muito. Segundo ele, a cultura digital contemporânea provocou uma banalização da música em dois sentidos. Primeiro porque com a pirataria (e a transferência de arquivos pela net) ninguém mais compra CD, o preço dos CDs aumentam e menos gente ainda compra. Os artistas (e as gravadoras) não estão mais lucrando com a música, e, assim, com menos estímulo para o trabalho, a qualidade da música tem caído. Segundo, a internet permite que todo mundo tenha acesso a virtualmente toda a música que existe. As pessoas baixam mais músicas do que podem escutar, colocam 40 gigabytes de música no seu ipod e quando uma música repete uma vez, a pessoa já enjoou dela. Resultado, a apreciação musical está deixando de existir da maneira como nós a concebemos. A projeção é que a música vai reduzir de qualidade, porque as pessoas não sabem mais discernir o que é bom do que não é, e porque há tanta música disponível que um bom artista nunca vai ter a possibilidade de ter o seu valor realmente reconhecido, dado o ruído tremendo representado pelo volume de artistas. (Deixo logo claro que não sou do tipo relativista que acha que não há música boa ou ruim, que é tudo relativo. É como em livro. Vai dizer que Platão não é melhor que Dan Brown! Por favor! Não que o Dandan não seja bom também...)

Todo esse cenário faz muito sentido, e daí eu comecei extrapolar a projeção e a questionar se será assim pra sempre, ou seja, será que vamos piorar a qualidade da música indefinidamente até perdermos o interesse por ela? Ou será que essa crise reflete uma conjuntura, um momento, apenas, algo passageiro?

Não acredito que a música vai acabar, nem acho que ninguém que esteja falando sério considere essa possibilidade. A música está aí tal qual a ciência, a religião e o esporte estão para a nossa cultura. São pedaços inerentes, que não podem ser retirados. Cultura sem música é coisa que não faz sentido.

Então vamos analisar historicamente (em ordem de grandeza) a evolução da música em função da técnica traçando um paralelo com a linguagem escrita. O surgimento da linguagem escrita fez a humanidade dar um salto gigantesco em termos de complexidade intelectual e tecnológica. Pensamentos podiam ser passados de geração a geração mais eficientemente e em mais volume. Surge uma mistura cultural violenta, pois um conhecimento escrito novo poderia transitar entre comunidades, alterando totalmente o seu fluxo corrente. No entanto, houve um explosão de novas coisas disponíveis. Centenas de milhares de livros pra escolher, capacidade para ler apenas mil numa vida. Como fazer a escolha? Como determinar quais são os bons livros? Em seguida surge a imprensa e depois a internet. A situação se torna crítica. A quantidade de informação disponível cresce exponencialmente. Será possível nessa confusão toda, encontrar alguma coisa que preste?

Com a música é possível fazer a analogia (se vc conseguir contornar o incômodo que causa olhar as coisas de forma tão generalizada). A música pôde ser escrita no passado, assim como os pensamentos puderam ser escritos, mas hoje a música pode ser gravada, e mais, ela pode ser transferida igual a um livro, ou uma página de internet; e ela também cresce em volume exponencialmente. Essa é a banalização de que falamos antes, e é a mesma que há na literatura e filosofia, em que a impressão que dá é que não sai nenhum livro novo realmente bom (dos 4500 novos por dia) e que, no máximo, dado o marketing, o público converge para o Código Davinci.

Mas porque será que não aparece mais nenhum artista novo bom? Porque a impressão que dá é que a música tem caído de qualidade?

A minha opinião é que a música representa um momento, representa a cultura vigente e fortalece, unifica e desenvolve essa cultura (é isso o que define pra mim a música boa). Portanto, no Brasil, por exemplo, pode aparecer uma novidade, algo realmente original que representa localmente o momento. Mas o problema é que tudo novo que surge é rapidamente diluído na massa de opções existente. Na verdade, não é uma questão de novos artistas bons surgirem, o problema é que eles concorrem com o mundo todo, eles podem representar algo muito bem no local de origem, mas não pode expandir além dessa fronteira. Para crescer e se expandir a música hoje precisa ser universal, e nada mais. A música deve usar uma linguagem acessível a todas as outras culturas, algo em comum que se aplica ao Brasil, aos Estados Unidos, à França e ao Líbano!

Vou fazer outra analogia - segundo os profetas do passado, Aristo e Schop, essa é a maneira ideal de criar compreensão. A ciência hoje vive exatamente o mesmo momento da música. Ela é agora universal. Segundo o cenário vigente, não existe mais diferença entre o que é química, física, matemática, computação e biologia. A conciliência entre as ciências idealizada por Edward Wilson (o wilsinho), veio mais rápido do que ele imaginava, e não através das ciências físicas, como ele previu, mas pelas ciências biológicas. A biologia sugou tudo, ela é o centro da rede, o nó que conecta todos os outros ramos da ciência. Aquele que não enxerga isso e insiste na divisão discreta do conhecimento vive no passado e não atua mais na realidade. Isso não quer dizer que física e química vão deixar de existir, mas que essas áreas vão trabalhar numa sinergia jamais vista antes; todos os lados vão ganhar muito!

A música precisa, então, dessa linguagem universal que vai criar o vínculo definitivo (força de expressão) entre as culturas. Essa linguagem está se desenvolvendo, isso toma tempo, e é por isso que estamos nesse momento de depressão. Aliás, se eu estiver certo (e aqui sou apoiado pelo profeta contemporâneo russo Djalmevski), essa linguagem já está aí, já tá atuando hoje. É o hip-hop.

O hip hop e o rap estão aí pra todo mundo ver. É uma linguagem moderna que fala de internet, de ciência, de computação, de política e tudo num contexto universal. É ouvido e usado no Brasil, no Japão e no Líbano (dá uma olhada no que os caras ouvem por lá). Aceitação da favela ao riquinho. O hip hop tem uma capacidade única de absorver influências. Cada cultura faz a sua parte, adiciona novos elementos e a música cresce, se torna boa e acessível ao mundo. Hip Hop com samba (D2 e companhia), Hip Hop com música latina (Orishas e uma dezena), Hip Hop com música oriental (mais uma caralhada), e Hip Hop com Jazz, Rock, Soul, Reggae com tudo (dá uma olhada no Jurassic 5, no Outkast). A música tá amadurecendo e se tornando boa, não é uma salada de fruta. Repare que mais uma vez isso não significa que a diversidade vai acabar, que o mundo todo vai virar um mingau uniforme. A estrutura da rede é radial, com o hiphop no centro dela, fazendo o meio de campo. Existe um intermédio entre China e Europa. Essas culturas vão crescer localmente, porque elas possuem o seu lado de isolamento, o seu momento local que se difere do global. A cultura global, tão pobre atualmente, vai crescer num impulso, trazendo cada cultura local junto com ela, estas vão se diversificar e se tornarem novas. Não vai ser o Japão americanizado, mas a nova cultura Japonesa.

Pra terminar vai uma fotinho dos J5, porque fazem hip hop de qualidade. O album novo dos caras, feedback, é o bicho! Não me pergunte porque tem 6 aí.


Saturday, October 14, 2006

Ciência hoje?

Hoje após uma mega conversa com Fernanda, tive uma compreensão mais ampla de um pensamento que já vinha trazendo há um tempo. O sistema científico atual faliu. Pois é, já era, está fadado.

Faz um tempo que venho pensando sobre o assunto. A minha experiência aqui nos states tem mostrado como a ciência (o núcleo, a elite) é realmente feita. A galera pode pensar que aqui é altíssimo nível, que os melhores caras estão aqui, que as idéias saem daqui. Bem, a história não é bem assim.

O que tem aqui, isso sim, é dinheiro. Ah, aqui vc tem publicação na Nature e na Science. O que vc tem aqui também é fama, é nome, mas é especulação pura. Digo que o que a galera faz por aqui não tem nada de melhor em relação ao que se faz no Brasil e em outros lugares (exceto que aqui vc pode trabalhar com pesquisa de ponta quando dinheiro é preciso pra isso). O sucesso na ciência hoje não tem nada a ver com a qualidade do trabalho ou do pesquisador, tem a ver com a sua relação com as intituições de poder, tanto financeiras como acadêmicas. Acredite, pra publicar na nature vc não deve ser bom. Você precisa de (i) ter dinheiro pra trabalhar com algo bem polêmico que pouca gente pode, e (ii) trabalhar com alguém "importante". Vai haver exceções dos dois lados, tô tentando captar a essência.

Vou ainda mais longe. Ninguém aqui tem idéia, ninguém aqui pensa. Todos fazem o que tem que fazer, seguem as regras, conseguem o seu financiamentozinho, publicam seu artiguinho, e tá todo mundo feliz. Não tem a ver com fazer trabalho de qualidade, tem a ver com conseguir grana e publicar bem. Ai, coitada da ciência. Mas os bons trabalhos não são aqueles que estão publicados nas melhores revistas? ahaha, se você realmente acredita nisso, vai revendo seus conceitos. Isso é o que essa indústria pseudo-científica quer que acreditemos.

Voltando a minha conversa com Fernanda. Fernanda trabalha com neurociência na melhor universidade da França. Segundo ela o que acontece é que hoje em dia vc tem de trabalhar muito, muito mesmo pra conseguir chegar em algum lugar (e se chegar), pra ser um bom pesquisador. O lance é que a galera tá trabalhando muito mesmo, mas tá todo mundo seguindo a corrente, ninguém pára pra pensar no que tá fazendo, porque ninguém tem tempo. A ciência tá seguindo a inércia, e o pior, tá realimentando essa parada.

Pare pra pensar na "sociedade globalizada". A idéia que temos é que o mundo está cada vez mais rápido, temos de nos esforçar mais e mais pra nos enquadramos no esquema. Todo mundo só vai fazendo o que tem que fazer e nunca pára pra refletir onde isso vai dar. Pense no sobrecarregamento dos nossos sensores, das nossas capacidades (hein, Djalmex?). Pergunto o seguinte: até quando vai ser assim? Até quando as coisas vão ficar mais difícies? será que não tem um limite?

Pois o limite chegou. Não dá mais, tem alguma coisa errada nisso tudo. Vamos dar uma olhada de fora do sistema e tentar visualizar pra que direção isso tudo tá indo. É totalmente irracional, o sistema se realimenta sozinho e pronto. Está na hora de pensar, refletir sobre o que estamos fazendo, ter idéias, criar, inovar.

Ninguém inova na ciência. Inovar pra quê se eu já tenho dinheiro no bolso e renome? ahaha. Esse é o pensamento da galera. Só digo uma coisa: já era, galera, já era. Não dá mais pra ser assim, as coisas mudaram. E eles vão lutar pra manter essa ordem das coisas, vão lutar contra o novo, pois eles têm muito a perder. O cara é um neurocientista famoso, cheio de publicação, laboratório de pesquisa, o que vc acha que ele vai pensar se neguinho começar a dizer que todo o trabalho dele não vale de nada (e não vale mesmo!).

Toda ciência que leio hoje (a pseudo-nova, a vendida como nova, melhor, a ciência best-seller ahah) é baseada nos mesmos preceitos, na mesma perspectiva, na mesma visão do mundo de há 50, 100 anos atrás. O cara propõe uma "nova visão", usa novos termos - auto-organização, complexidade, termodinâmica de não equilíbrio - mas enxerga todos esses conceitos, tudo, com uma visão antiquada. Eles estão muito confortáveis. Sinto muito, quando a ficha cair vai ser tarde demais.

Pra terminar, vou fazer uma analogia merecida. Essa semana o presidente da coréia do norte andou fazendo testes nucleares. Os EUA chiaram pra caramba. O cara da coréia falou que se os EUA não ficarem quietos, eles vão sair lançando bomba por ai, ahahaha. Rapaz, o que os states vão fazer? Nada! Nadinha. Porque eles não podem. O cara da coréia só tá aproveitando o momento, porque a hora é essa mesmo. Os EUA deixaram de mandar em tudo, e todo mundo já sacou. Pergunta ao Chavito e ao nosso amigo do Irã. Mas aqui dentro a coisa continua a mesma. Eles acham que quando quiserem invadem o irã, depois a coreia depois a porra toda. A ficha não caiu mesmo. As coisas mudaram mas eles não querem acreditar, por eles fica tudo da mesma maneira porque assim tá bom. Ih, quando o caldeirão virar vai ter muita gente desesperada por ai. Essa é a nossa ciência: acabou, mas ninguém quer aceitar; ou melhor, mudou pra sempre. Erga a cabeça acima dessa poeira toda, suba na cadeira se for preciso, e veja.

Pra não ficar sem foto vai uma foto do nosso amigo Kim Jong-il, o homenageado do dia!

Friday, October 13, 2006

Inaugurando

Aê galera, tô finalmente inaugurando meu blog. A galera do lbic reclamou pra caramba, agora recebe aí! hehe. Já que até o maluco tem blog, eu não podia ficar sem o meu, né?

Vou usar esse espaço como todo mundo faz, colocando as fotos das paradas que tão rolando aqui, assim dá pra galera do Brasil ter uma idéia e tal de como é aqui nos states. Mas também vou aproveitar pra lançar umas idéias, umas reflexões pra galera pensar, né não Djalmex? Botá essa galera pra usar a mente.

Só pra inaugurar essa parada vou colocar umas fotinhos daqui pra vcs conhecerem como é o esquema.

Aí é a galera da minha casa. Não tem todo mundo aí, mas dá pra ter uma noção. Essa galera é muito bróder mesmo. Se liga no que a gente tava aprontando esse dia:


hehe, mega rango nível Lá Ele, hehe. Porra, saudade da desgraça da minha casa em campinas. Querendo ou não, aqui nunca vai ser a mesma coisa. Mas nem precisa, a idéia é renovar. Nas férias eu vejo os sacanas da Lá Ele.

Essa foto foi um reggae que eu fui. Aniversário de Thaís, a da direita. Essa aí é baiana de Salvador, acredita? Adoro ela. Na esquerda é Paulina, uma mexicana mega gente boa que mora comigo. Rapaz, eu tava numa água dura da poooorra! Só na heiniken Maluco!

Pra terminar vai essa foto aí com a giga tequila formato censurado. Rapaz, não posso nem mostrar a foto depois da tequila ter sido eliminada. Foi água durissima. Aí estão Gabi e Marco, que moram comigo. Eles também são do méxico. A galera que tá me ensinado espanhol, hehe. Pronto, agora no próximo post acho que vou colocar umas fotos de mim estudando. Tá muito tendencioso esse aqui, hihi.